Cerca de 8% das mulheres e 15% dos homens devem apresentar cálculo renal em algum momento da vida
A litíase renal, popularmente conhecida como pedra nos rins, é uma doença causada pela formação de substâncias minerais dentro do sistema urinário. Os cálculos são comparados com “grãos de areia” que se juntam dentro do rim e formam uma verdadeira pedra.
“É uma doença frequente na prática clínica, sendo a maior causa de urgência urológica com um elevado impacto social e de alto custo, já que atinge cerca de 15% das pessoas, em algum momento da vida, apresentando elevadas taxas de recorrência. Afeta sobretudo pessoas de raça branca (são incomuns em povos afro-americanos e asiáticos) e são duas a três vezes mais comuns em homens do que em mulheres entre 35 e 45 anos, que pode conduzir a complicações graves, como a doença renal crônica”, alerta o urologista e cirurgião Nilo Jorge Leão, coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
Segundo o especialista, para a maioria desse público, a eliminação do cálculo renal vai ocorrer de forma espontânea e somente cerca de 20% vão necessitar de tratamento, com possibilidade de remoção através de cirurgia. Se não for devidamente tratada, é uma patologia que, em metade dos doentes, poderá reaparecer num prazo de 10 anos. A história familiar de cálculos renais aumenta em cerca de duas vezes a probabilidade de uma pessoa apresentar a doença.
Sintomas
Os cálculos renais, enquanto estão localizados nos rins, costumam passar despercebidos (assintomáticos) e podem permanecer assim por meses ou anos. A principal manifestação clínica da litíase renal é a cólica de rim, que ocorre quando um cálculo se desprende do rim e se desloca pelo ureter, a caminho da bexiga. A crise, determinada pela migração do cálculo, é caracterizada por dor nas costas, que se irradia para a barriga (baixo ventre) e que pode estar associada a dor no local ou aparecimento de sangue na urina. Na crise podem vir náuseas, vômitos e febre. É uma dor muito intensa, que geralmente só melhora com medicação venosa.
Diagnóstico
A suspeita do diagnóstico vem com a história e o exame físico. O melhor exame para diagnóstico é a tomografia de abdômen e pelve, sem contraste. Em casos de crianças, gestantes e para o seguimento de pacientes com cálculos é possível fazer o ultrassom ou um RX de abdômen e pelve também. A ressonância magnética não mostra cálculos renais. Exames de sangue e urina são importantes também, inclusive para a prevenção de novos episódios.
Tratamento
“O tratamento dos cálculos renais depende de alguns fatores, como sintomas do paciente, quantidade de cálculos, tamanho e localização. As opções vão desde o acompanhamento com reavaliações periódicas até cirurgias. Hoje em dia, quando a cirurgia é necessária, normalmente são realizados procedimentos extracorpóreos ou minimamente invasivos, nos quais os pacientes são tratados de forma extremamente eficiente e pouco invasiva, tendo altas taxas de sucesso e baixas de complicações”, salienta Nilo Jorge.
Causas
Os cálculos renais são formados dentro dos rins e dependem de uma concentração alta de cristais na urina. Assim, as principais causas de sua formação são a pouca ingestão de água, deixando a urina muito concentrada. Nesse período do inverno é importante ficar atendo à quantidade de água ingerida para não sobrecarregar os rins. A ingestão de comidas com muito sal e proteínas também é um fator importante. Além disso, os cálculos são causados por bactérias decorrentes de episódios recorrentes de infecção urinária.
Fatores de risco e Prevenção
Pessoas obesas, sedentárias, com diabetes, que moram em locais mais quentes e com histórico de doença na família têm mais chances de cálculo urinário. É, na maioria das vezes, uma doença que começa com uma alimentação ruim e com pouca ingesta de água.
50% dos pacientes que tiveram um cálculo renal vão ter outro em 5 anos se não fizerem um tratamento preventivo. Medidas que servem para a maioria dos pacientes com cálculos são aumentar a ingesta hídrica, com o objetivo de o paciente urinar mais de 2 litros por dia. Para isso, pode-se verificar a cor da urina. Ela deve estar bem clara, quase transparente. Se a urina estiver amarelada é sinal que mais água deve ser ingerida.
“Os cálculos renais são altamente tratáveis e preveníveis. Assim, se uma pessoa descobrir um cálculo renal, procure um urologista para definir o que deve ser feito. Entretanto, um cálculo renal não tratado pode causar alterações renais irreversíveis, podendo levar até a perda do órgão. Evite sal na comida e controle a ingestão de proteínas também. Pacientes que têm muitas infecções de urina devem ser tratados” explicou Nilo Jorge Leão.
Nilo Jorge Leão é Coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Santo Antônio – Obras Sociais Irmã Dulce, Preceptor do Serviço de Urologia do Hospital São Rafael, em Salvador (BA).
Redação Vida & Tal
Fonte: Brandão Comunicação
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